quarta-feira, 3 de junho de 2009

Capítulo Trinta e Sete

"Sebastian irrompeu pela cozinha, sobressaltando o despertar ainda vacilante de Michael.
Apesar de ter acordado várias vezes para se tranquilizar de que não tinha sido um sonho, não tinha vontade de dormir nem mais um minuto naquela manhã. Por outro lado, apetecia-lhe dormir uma semana seguida.
- O que aconteceu? - perguntou Sebastian, com a voz tão tensa quanto o corpo. - A esperança do coração desapareceu. A Luz da Glorianna desapareceu!
- Não desapareceu, propriamente - disse Michael, tentando ver com nitidez. -Foi só transplantada, digamos assim. Queres Kafé?
- Se fores tu a fazer, não quero.
- Tudo bem, fá-lo tu. - Pensando bem, essa seria a opção mais sensata.
Desejando ter tido um pouco mais de tempo para se preparar para o que o aguardava, encostou-se à mesa da cozinha e esfregou a cara com as mãos. Quando Sebastian começou a fazer o Kafé, disse: - Ainda bem que vieste hoje.
- Tenho vindo aqui todos os dias, Mágico - respondeu Sebastian, ainda parecendo nervoso.
- Eu sei que sim. Eu sei. - Fez um compasso de espera, procurando as palavras certas. - Há sempre uma que custa mais, quando nos são tiradas. Uma que teve um maior significado para as tuas esperanças e sonhos. Uma que amas um pouco mais.
Sebastian fitou-o e manteve-se calado.
- Deixa-me mostrar-te a luz de Glorianna.
Saíram da cozinha e deram a volta por um dos lados da casa. E viram-na a voltar do jardim murado. Não se sentira preparada para entrar, mas ficara ao portão. Por isso, Michael fora para casa preparar o pequeno-almoço - na esperança de que Glorianna ainda se encontrasse na ilha quando pusesse a refeição na mesa.
Sebastian ficou parado, petrificado, a olhar estupefacto para a prima.
- Ameaça e promessa, foi isso que me chamaste - disse Michael em voz baixa. - cumpri a parte da ameaça. Juntos, cumprimos a parte da promessa. - Observou-a a acercar
-se deles. Viu-a hesitar. - Recuperou a Luz e regressou para junto de nós. Porém, é duas metades de um todo e já não é um encaixe perfeito.
- Glorianna - murmurou Sebastian. - Glorianna.
Poderá permanecer duas metades que não se encaixam na perfeição para formarem um todo.
Viu que as palavras começavam a fazer efeito. Aqueles contundentes olhos verdes estudaram-no. - Por palavras claras, Mágico.
- O amor não é apenas algo que se sente. Também se demonstra. Amo-a, por isso fico. - Michael sorriu. - Afinal, a esperança do meu coração reside em Glorianna Belladonna. Mas mudou, Sebastian. Nada será igual ao que era antes.
Michael ficou a ver Sebastian a correr pelo relvado e a arrebatar a prima nos braços. Música agradável. Música forte. E uma ou duas daquelas arestas irregulares dentro de Glorianna foram alisadas um pouco mais simplesmente pela presença de Sebastian.
Iria ficar tudo bem. Ela iria ficar bem.
Ao virar-se para regressar a casa e tratar do pequeno-almoço dos três, um movimento atraiu-lhe a atenção.
Ali, abrigada pelo granito raiado a quartzo que simbolizava a sua terra de origem, estava um ramo de violetas.
- Obrigado, criança selvagem.
Entrou em casa com um sorriso enorme. Cantou enquanto trabalhava. E ouviu a música dela - os timbres de escuridão e de luz - a ressoarem pela ilha.
Iriam ficar bem, pensou ao colocar a refeição na mesa no momento antes de Glorianna e Sebastian entrarem pela porta. Seria um processo moroso, mas iriam ficar bem."

Anne Bishop in "Belladonna"

Acabei de ler este livro, tenho devorado todos os livros da escritora Anne Bishop...simplesmente adoro, deixo-vos o último capítulo...porque não é o fim e sim o caminho, o processo que nos leva a chegar ao fim, que é o melhor de tudo.

Coragem Amigas!

Cat

P.S.:
OBRIGADO Susaninha pelo favor!

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